PROTESTANDO PARA REFORMAR
“Pois toda a Escritura Sagrada é
inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir
as faltas e ensinar a maneira certa de viver.” 2 Tm 3:16
31
de outubro está chegando e o que se deve ser comemorado? Dia de Halloween? Dias
das bruxas? NÃO, por favor, NÃO.
Dia
31 de outubro é um marco na igreja evangélica em geral. É o dia em que
comemoramos o impacto das propostas e consequências da Reforma na vida da
igreja. É o dia em que relembramos a coragem de um homem por lutar pelo ensino
correto das Escrituras. Isso mesmo, dia 31 de outubro comemoramos o Dia da
Reforma Protestante.
A
Reforma Protestante é muito mais do que um acontecimento do século 16. Os
questionamentos feitos naquela época ainda são aplicáveis hoje.
Para
falar da Reforma Protestante, precisamos primeiro conhecer MARTINHO LUTERO, o
grande reformador. Um monge e estudioso da teologia e das Sagradas Escrituras
incomodado pelo cenário religioso de sua época resolveu não apenas observar e
criticar, mas agir em favor da verdade das Escrituras.
Lutero
observou que a religião, ao invés de ligar o homem a Deus numa íntima adoração
e comunhão, estava transformando os homens em apenas adoradores de aparência,
baseada em símbolos sagrados sem importância para a vida pessoal dos cristãos.
Conheciam a importância dos “verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em
verdade” (Jo 4:24), mas agiam com mentira e falsidade.
Outra
coisa que deixava Martinho Lutero indignado foi a venda das indulgências. Havia
uma crença de que após a morte, as almas precisavam de purificação e por isso
precisavam passar pelo purgatório para tornarem-se limpas. Os familiares, para
amenizar, ou abreviar a aflição de seus mortos, poderiam adquirir a “carta de
indulgência”, ou de perdão concedida pelo papa, que procurava deixar bem claro
que a sua palavra estava sempre acima da Palavra de Deus.
Havia também a
possibilidade de comprar o perdão em vida como uma espécie de seguro pós morte,
apenas comprando a “carta de indulgência”. Essa venda se transformou em um
comércio muito lucrativo nos dias de Lutero, apoiado pelo clero, que cada vez
mais se corrompia pela ganância e amor ao dinheiro.
Martinho
Lutero, em um de seus momentos de leitura da Bíblia, deparou-se com o texto de
Romanos 1: 17, “Mas o Justo viverá pela fé”. Nesse momento de meditação,
questionou a si mesmo: “Se o justo vive pela fé, qual a necessidade de pagar
por ela?” Os questionamentos de Lutero o impulsionaram a agir em favor da
verdade das Escrituras.
No
dia 31 de outubro de 1517, Lutero se dirigiu a igreja de Wittenberg, na
Alemanha, e apregoou nas portas da igreja, 95 teses combatendo os erros da
igreja romana. O objetivo de Lutero era fazer com que os estudiosos das Escrituras
debatessem a ação da igreja. No entanto, alguns estudantes resolveram
imprimi-las e lê-las para a população censurando a igreja.
Essas
teses tomaram proporções inimagináveis afetando grandemente a Europa. Lutero
foi processado por heresia pela Igreja Católica, excomungado e exilado por um
ano. Porém, recebeu o apoio da população e até mesmo de alguns padres e
freiras. Foi convocado a desmentir suas teses, mas não podia abrir mão da
verdade em detrimento da mentira. Desta forma, continuou defendendo e pedindo
por uma reforma.
Martinho
Lutero baseou os fundamentos da Reforma em 5 pilares, o qual chamamos de 5 "Solas":
- Sola Fide (Somente a fé)
- Sola Scriptura (Somente as Escrituras)
- Sola Christus (Somente Cristo)
- Sola Gratia (Somente a Graça)
- Soli Deo Gloria (A Glória somente a Deus)
No início
desse texto, relatamos que os questionamentos da Reforma ainda são aplicáveis
hoje. Por que? A Teologia da Prosperidade tem afastado muitos cristãos da
simplicidade de Cristo, os fazendo enxergar que a vida piedosa é apenas um meio
para ganhar, lucrar, ter sucesso financeiro, etc. Será que foi apenas para isso
que Jesus derramou seu sangue na cruz? Para dar sucesso, fama, dinheiro?
Os valores
estão invertidos e o que era para nos aproximar de Deus, está sendo usado para
nos aproximar dos bens materiais. Como? O jejum, a consagração, a oração, a
palavra, viraram subterfúgios para conquistas de bênçãos materiais. E como não
mencionar as práticas supersticiosas dos falsos mestres com seus poderes
milagrosos através do sal grosso, rosas, vassouras, lenços, camisas ungidas e tantas
outras invencionices, com o único objetivo de enganar e enriquecer à custa dos
que possuem pouco conhecimento.
O
ensino sistemático das Escrituras foi trocado pela pregação de textos fora de
contextos, com o objetivo de virar pretextos para muitos se voltarem apenas
para a prosperidade material. E a Fé em Cristo? E o sacrifício de Cristo? E as
Escrituras? E a graça? E a glória somente a Deus?
Passaram
500 anos e a igreja ainda precisa continuar se reformando. Precisamos orar para
que surjam novos Martinhos Luteros. Precisamos de cristãos que antes de aceitar
qualquer nova doutrina, busque a direção de Deus baseando-se nas Escrituras
Sagradas. Precisamos dar ouvidos ao que o apóstolo Paulo disse: “ponha a prova
todas as coisas e fiquem com o que é bom” (1 Ts 5:21), bem como o apóstolo
João: “não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se
eles procedem de Deus..." (1 Jo 4:1)
500
anos se passaram e não podemos deixar o amor pela verdade da Palavra morrer.
Pra. Kelly Cristina
Cardoso