JESUS É NOSSO
IRMÃO?
Um dia desses, me questionaram
se Jesus é nosso irmão. Uma pergunta um tanto quanto capciosa e ousada, que me
trouxe um grande interesse de conhecer as bases que usaram a tal conclusão.
Então, me relataram alguns pontos para tal afirmação a qual descreverei abaixo:
1. Deus chamou Jesus de
primogênito que significa primeiro filho, dando a entender que Jesus deve ter
sido o primeiro da criação.
2. Deus tem um nome, no velho
testamento que é traduzido com "Jeová", "Jehovah",
"iheovah" também tem traduções que trazem "Yavé",
"Javé" e "Jah". Por algum motivo nas escrituras originais
vem escrito "YHYH". Como podemos pronunciar uma palavra sem vogais? E,
talvez fosse um erro grave usar o nome de Deus se não sabemos como pronunciar
corretamente. Se fosse assim não poderíamos pronunciar Jesus. Pois, na verdade
nos originais aparece o nome "Yoshuah".
3. Jesus veio a terra como nosso
irmão mais velho para ajudar os seus irmãos mais novos a corrigir seus caminhos
de acordo com a vontade de Jeová (YHYH) seu pai.
De acordo com os pontos acima
citados quero deixar não o meu parecer, mas o que a Bíblia diz a
respeito. Pois, entendo que ideias todos podem produzir, mas o que deve
prevalecer é a Palavra de Deus.
Sendo
assim, quero começar falando a respeito dos nomes de Deus. Temos que ter claro
que em muitos casos esses nomes foram adaptados para a língua traduzida. Quando
o nome YAHVEH, foi adaptado para a língua portuguesa, ficou sendo JAVÉ,
ou JAEVÉ. No hebraico, o nome é
pronunciado YAHVEH ou YAHEVEH, conforme se pronuncie de forma mais rápida ou
mais pausada.
Algumas pessoas pronunciam o nome
sagrado de Deus como YEHOVAH, e o adaptam para a língua portuguesa como
JEOVÁ. Porém, a pronúncia correta é
YAHVEH.
A partir do século III a.C. os judeus deixaram de
pronunciar o nome sagrado de Deus, YAHVEH, porque achavam que seria uma
profanação pronunciá-lo, e por isso, ao lerem a Bíblia, onde estava escrito YAHVEH, eles pronunciavam
ADONAY, que significa “Senhor”. Por este motivo, quando a Bíblia foi traduzida para o grego, onde aparecia o nome
sagrado YAHVEH, eles colocaram KYRIOS, que em grego significa “Senhor”.
Posteriormente, ao traduzirem a Bíblia para o latim, onde aparecia o nome sagrado, eles
colocaram “Dominus”, que significa “Senhor”, e
depois, quando traduziram para o português, colocaram “Senhor”.
Também não podemos deixar de esclarecer que no
alfabeto hebraico, originalmente, não existiam vogais, só existiam consoantes.
Não era necessário escrever as vogais, porque as pessoas que conhecem bem a
língua hebraica, liam perfeitamente o texto escrito só
com consoantes, e inclusive as raízes das palavras, em hebraico, são
constituídas somente de consoantes, que são vocalizadas de várias formas, para
formar verbos, substantivos, adjetivos, etc.
Quanto a Jesus, o conceito de “filho” na Bíblia é
muito diversificado e precisamos analisar bem e corretamente todo o contexto.
Pois, o desconhecimento desse assunto e uma exegese distorcida, já levaram
muitos a uma cristologia errada. Um grande exemplo disso é a crença dos adeptos
a seita – Testemunhas de Jeová que receberam um estudo de Ário (fundador da
seita) dizendo que Jesus é a primeira criação de Deus. Aqui, percebo que o
primeiro ponto citado acima para a afirmação de Jesus ser nosso irmão por ser o
primeiro da criação é uma crença da seita Testemunha de Jeová.
Sendo assim, diante dos argumentos mencionados
acima, precisamos buscar esclarecimento nas Escrituras Sagradas a respeito do
Filho. Pois, entendo que ideias todos podem produzir, mas o que deve prevalecer
é a Palavra de Deus.
De acordo com a Palavra de Deus, Cristo é tido
como: Filho unigênito (Jo 3: 16; 1 Jo 4:9), Filho primogênito (Cl 1: 15) e
Filho de Deus (Jo 20: 31; Hb 4: 14). Mas, qual o significado desses nomes?
Vejamos a seguir:
Filho
Unigênito = essa palavra vem de
dois vocábulos gregos:
·
“monos” com
o significado de: único, só, solitário.
·
“genos” com
o significado de: raça, tipo, linhagem, espécie.
A Septuaginta (tradução da Bíblia do hebraico para
o grego) traduziu o significado como natureza, caráter, tipo. “Unigênito”
significa “o único da espécie, único tipo”. Jesus é singular, único Filho de
Deus que têm a essência do Pai.
Segundo
Shedd, Unigênito transmite a idéia de consubstancialidade (unidade e identidade
de substâncias das 3 pessoas da Trindade = são unificadas, ligadas). Jesus é
tudo quanto Deus é e somente Ele é assim.
Filho
Primogênito = A Bíblia
usa o termo hebraico “bekôr” = primogênito, primeiro, excelente. Também usa no
grego como “prôtotokos” como primeiro, chefe. Os escritores da Bíblia usaram
essas palavras com o sentido de importância, prioridade, primazia,
preeminência. Dessa forma os vocábulos “bekor” e “prototokos” nem sempre
significam o “filho mais velho”, mas o que tem a primazia, a preeminência.
Podemos citar alguns exemplos:
- Davi é o filho mais novo de Jessé (1Sm 16:11), entretanto é chamado de “primogênito” em Sl 89: 27. Esse primogênito indica a posição de destaque, primazia, domínio.
- Efraim (Gn 48: 18,19) é o mais novo, filho de José, mas é chamado de primogênito (Jr 31:9).
Em Cl 1: 15 diz “o primogênito de toda a criação” e
não “o primogênito de Deus”. Nos versículos seguintes, Jesus transcende toda a
criação.
Se primogênito significar “o mais velho”, como interpretaremos
Hb 12: 23 (A universal assembléia e a igreja
dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de
todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados)? Será que somente os filhos
mais velhos estão inscritos nos céus?
Em
Cl 1: 17 diz: “E ele é antes de todas as
coisas, e todas as coisas subsistem por ele.” Esse versículos deixa muito
claro que Jesus não faz parte da criação, Ele é um ser a parte da criação.
Filho de Deus
= revela a divindade de Cristo. A Bíblia afirma que o Filho é Deus: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono
subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino”
(Hb 1: 8). Essa citação é do Salmos 45: 6,7 = Cristo reina como Deus, com
autoridade sem igual entre os homens, pois mesmo tendo vivido entre eles,
tendo-os por “companheiros” está acima deles.
Jesus
considerava essa relação entre o Pai e o Filho como sinônimos de sua deidade
(Jo 10: 30-36). A declaração “Filho de Deus” é uma afirmação da sua divindade.
No
Novo Testamento recebemos a filiação por adoção, por isso chamamos “Aba, Pai”
(Rm 8: 15), é a relação espiritual de Deus com os seres humanos mediante o
sacrifício do Calvário. A expressão “Filho de Deus”, aplicada a Jesus, tem um
sentido diferente quando se aplica a nós. Temos tal posição por adoção, e não
se trata de uma questão de substância ou essência. Deus concedeu-nos essa
posição pelo mérito da obra redentora de Cristo “a fim de recebermos a adoção
de filhos. E, por que sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gl 4: 5,6).
Devemos
deixar claro que, ao mesmo tempo em que Jesus é chamado de Filho, Ele também é
chamado de “Pai da Eternidade”
(Is 9: 6); Emanuel que
significa Deus Conosco (Is 7: 14; Mt 1: 23); Alfa e ômega que indica a qualidade divina e existência
eterna (Pa 1:8); Rei dos Reis
(Ap 19: 16); Senhor dos Senhores
(Ap 19: 16), etc.
Com todos esses nomes e significados, como podemos nos
colocar no mesmo patamar de Jesus?
Irmãos,
tomemos cuidado com a nossa exegese, pois, existem dois caminhos muito
perigosos e sem volta. Um deles é o caminho da religiosidade onde se
espiritualiza todas as coisas; e o outro é o caminho da apostasia. Um apóstata
não acorda dizendo: hoje eu vou apostatar. Diariamente ele, sem perceber,
começa a excluir as verdades bíblicas e quando se percebe entrou por um caminho
que não consegue mais voltar. Os dois caminhos são muito perigosos, diariamente
eles vão se afastando da Bíblia a ponto de perdê-la completamente de vista.
Vamos
ficar com o que Martinho Lutero disse: “Não demoverei dos meus postulados, a menos
que me provem ao contrário pela Bíblia, a Luz da razão.” Se não está na
Bíblia, não dê ouvidos. Como relatei no início, ideias todos podem produzir,
mas a verdade da Bíblia precisa prevalecer. Deus os abençoe.
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